terça-feira, 14 de abril de 2009

Não ao Doping


A espectacularidade do desporto moderno atrai multidões. O fenómeno desportivo gera múltiplos interesses. Logo, também é afectado por alguns flagelos. E, não vale a pena esconder a cabeça na areia. Assuma-se. O doping é um problema grave, complexo e global. Ainda acreditamos que alguns atletas são seduzidos pelo consumo de substâncias dopantes unicamente para melhorarem o rendimento desportivo e obterem resultados de excelência nas competições. Esta perspectiva é incompleta. A realidade actual é completamente diferente. É importante desmistificar alguns preconceitos e dogmas. O doping está a alastrar. Ele vai desde o desporto de elite ao amador. Não se verifica unicamente nos escalões seniores, mas também nas camadas jovens. É utilizado tanto em seres humanos como em animais. Ocorre no desporto federado e nos ginásios. E, é consumido por praticantes regulares e ocasionais. Ele é transversal, apesar de reconhecermos maior incidência nalguns grupos. Existe um negócio alargado e lucrativo associado ao doping. Esses interesses financeiros resultam em sérios problemas de natureza ética, clínica e desportiva. Porquê? Ao estimularem comportamentos de risco, constituem um atentado à saúde pública, uma ameaça à verdade desportiva e arruínam a carreira dos atletas. Então, temos razões mais do que suficientes para travarmos um combate determinado contra o uso de doping no desporto. Afinal o que se entende por dopagem? Simplificadamente, quando detectada a presença de uma Substância Proibida, dos seus Metabolitos ou Marcadores, superior à quantidade mínima, numa Amostra orgânica dum atleta. Os praticantes desportivos têm, simultaneamente, o direito e o dever de participarem em manifestações desportivas sem doping, promovendo a saúde, a justiça e a igualdade entre todos os participantes. Este principio é fundamental. É a base estrutural da atitude a adoptar. No âmbito desportivo, o conhecimento público dos Casos Positivos, derivados dos controlos anti doping realizados, coloca em causa a imagem da respectiva modalidade e acarreta pesados prejuízos aos atletas, treinadores, médicos, dirigentes e instituições. Porém, em última análise, os atletas são sempre responsáveis por qualquer substância encontrada nas suas Amostras orgânicas, ainda que existam situações especiais. No quadro ético, adulterar injustamente os resultados desportivos significa viciar o jogo. Isso é condenável. Pode gerar falta de credibilidade da sociedade face ao fenómeno desportivo. Portanto, preservar os valores intrínsecos ao desporto e o espírito desportivo é essencial. No plano da saúde, está cientificamente comprovado que o uso regular de doping tem efeitos secundários no organismo humano. Não subsistem grandes dúvidas sobre os estudos. Importa assegurar que os atletas não introduzem no seu organismo nenhuma substância dopante. Acresce ainda referenciar que, na vertente estatística e criminal, o tráfico de dopantes cresceu extraordinariamente nos últimos três anos, sendo inclusivamente controlado por poderosas redes internacionais e apoiado por fortes organizações criminais. Os perigos são imensos e as consequências graves. O doping não faz falta ao desporto, nem à prática desportiva nem ao praticante desportivo. Perante este cenário, o que fazer? Segundo o Programa Mundial Antidoping, interessaria conseguirmos uma boa harmonização das leis, ao nível nacional e internacional, relativamente aos programas de prevenção, detecção e punição da dopagem. Para tal, deveríamos atender ao plasmado no Código, nas Normas Internacionais e nos Modelos de Boas Práticas. Mas, só isto é claramente insuficiente. Bem, por onde começar? É urgente dissuadir os praticantes do consumo. Como? Ao nível educacional e penal. Educar através de campanhas de informação eficazes e punir através da criminalização do tráfico de dopantes, à semelhança do tráfico de narcóticos. É simples. Basta tratarmos as actividades relacionadas com o doping de forma equiparada às drogas sociais. Para combater também é preciso investigação, científica e judicial. Para investigar é preciso haver meios. E, a atribuição de meios depende de vontades. Por isso, haja vontade para decidir que a luta contra a dopagem é uma prioridade política. Proteja-se os praticantes e defenda-se o desporto. Há tanto para fazer. Chega de retórica, precisamos de acção. Este assunto é demasiadamente importante. Queremos um desporto “limpo”


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